Capítulo 5
Então eu estava numa sala daquelas de palácio, o chão era xadrez e a sala era extremamente alta e escura. A única luz iluminava o meio da sala.
Eu estava sentado num trono enorme e dourado, tipo rei, porém, minha coroa era de pedra, quebrada e pesada como chumbo, estava me esforçando pra manter minha cabeça ereta.
A sala é imensa, é feita de mármore negro e tem velas dos lados, mas essas velas não iluminam nada, apenas queimam.
Na minha direita tem um bispo, com vestes brancas, o capuz dourado esconde seu rosto deixando apenas uma sombra preta. Ele segura um incensário e a sua voz é serena, ele diz:
— Teus pecados podem ser apagados, se curvares tua cabeça à verdade.
A minha esquerda, um Bobo da Corte, um homem esguio de rosto pálido maquiado e um sorriso que completa seu rosto, suas roupas são coloridas e são manchadas de sangue. Ele gira uma adaga entre os dedos e gargalha:
— A verdade não se curva! A verdade se impõe! Esmague todos, meu rei!
O chão treme, eu, ou seja, o rei percebo que tem uma fenda se abrindo no meio separando o Bispo e o Bobo, o Bobo dança e canta gargalhando. De repente uma voz soa do topo da sala:
— Está na hora da escolha, a paz ou a violência.
— Nenhum dos dois! Me deixem em paz! — Eu digo desesperado com aquele sonho louco.
— Renuncie a violência, filho. Aceite a redenção e a luz o guiará. — Diz o bispo segurando o incensário, meio que implorando para ser escolhido.
— Fogo e ferro! Derrame sangue, meu rei! — Diz o Bobo dançando e gargalhando com aquela adaga.
— Nenhum dos dois! Eu quero acordar!
— Este é o veredito? Nenhum dos dois? — Disse a voz do topo da sala.
— Sim! Nenhum dos dois! Nem o bispo e nem o bobo!
Então quando eu terminei a fala, o bobo foi alvejado por submetralhadoras que saíram das paredes.
O bispo caiu na rachadura que abrira agora a pouco, e afundou no fundo de uma água negra, afogando-se.
— É sua culpa, lembre-se.
Eu despertei com mamãe entrando em casa chorando e berrando.
— O que houve mãe?
— Seu pai nos deixou.
— Como assim, o que o papai fez?
— Enquanto você estava dormindo, ele pegou as coisas dele e foi embora.
— Ah, que pena. E a senhora tá bem?
— Estou filho, só preciso descansar. — Ela disse claramente não estando bem, saiu do meu quarto e foi deitar para dormir.
São 21:30, está na hora de fazer o que estou pretendendo fazer desde que entrei no crime. O plano é entrar numa casa de família, roubar e finalizar eles.
Minhas botas novas já estavam ali do lado da cama, eu só precisava calçar, vestir minha jaqueta e ir na casa que estou observando a semanas, hoje farei o que precisa ser feito a muito tempo.
Eu levarei o facão que fica na gaveta inferior da cozinha, ele cabe se eu amarrar ele dentro da minha jaqueta, eu só não posso me machucar.
Depois de calçar minhas botas novas e colocar uma calça preta e vestir minha jaqueta, peguei aquele facão gostoso e também peguei parte de uma corda que fica no quarto dos meus pais, minha mãe não tinha dormido ainda.
Saí do cubículo andando quase correndo, o porteiro não tava lá, como sempre. Eu fui em direção à esquerda de L’Écorce, no rumo de L’Ombre. A casa que eu procurava ficava numa rua próxima “Pleroma 16”.
Era uma casa tipo de burguês, lá vivia um homem, sua esposa e sua filha. Descobri isso indo lá e observando a semana passada inteira.
O facão que está dentro da minha jaqueta fica balançando então eu seguro ele pelo bolso, eu chego na rua em menos de 10 minutos, nada de especial aconteceu no caminho, mas aquela sensação.. Aquela sensação de adrenalina e euforia.. Aquela ansiedade pra matar me completa..
Tudo pode acontecer dentro daquela casa, eu posso morrer mas eu não ligo, eu não ligo se eu morrer, e se a polícia chegar eu fujo. Mas a polícia não vai chegar, eu tenho certeza.
A casa é feita com tijolos vermelhos, tem dois andares, eu vou entrar pela janela de trás e render a família começando pela criança.
Tem uma garagem e deve ter várias armas improvisadas pelos cantos da casa, imagina se o homem tiver uma arma daquelas de defesa.. Vou procurar bem fundo pra achar..
Eu estou na frente da casa, as luzes apagadas e eu sei onde fica cada quarto.. Eu pulo a cerca branca de madeira e caio na grama verde e bem aparada, tudo que ilumina é a luz do poste que fica na frente da casa.
Lá no fundo tá tudo escuro, eu já pulei aqui uma vez, quinta de tarde eu entrei pra quebrar a fechadura da porta garantindo que eles não tenham como fechar.
E adivinhem irmãos, parece que o pai de família acha que Londres é muito seguro para manter a tranca quebrada.
Eu abro a porta e entro, estou na cozinha, a única coisa que ilumina é a luz azulada da geladeira.
Eu subo pro andar de cima onde fica os quartos e ligo a luz do corredor, a luz é amarelada igual a parede, o carpete é branco e velho. Eu entro no primeiro quarto e tiro o facão da jaqueta, pela decoração é o quarto da criança e ela está completamente coberta por uma manta verde que eu consigo ver pela fresta de luz que ilumina o quarto.
Eu tranco a porta e ligo a luz, logo pulando em cima da menininha e tampando a boca dela. A cama aguenta o meu peso pulando, ela tenta se debater mas como eu sou bem mais pesado não dá em nada.
— Fica bem quietinha, querida, se não eu mato você e jogo seu corpo nos seus papais. — Eu falei dando um sorrisinho enquanto tentava acalmar ela. — Faz assim pro titio, fica quietinha, eu vou te amarrar e vou te soltar depois.
Ela parou de se debater e eu levantei ela da cama segurando a boca dela, amarrei as mãozinhas dela pra trás e levei ela pro quarto dos pais segurando o facão contra o pescoço dela.
Liguei o interruptor e eles estavam dormindo tranquilamente na cama, fiz o favor de chamá-los:
— Atenção, sacos de bosta! Olhem para mim!
Os dois despertaram, imagina o sentimento de ver um delinquente segurando um facão no pescoço da sua filha de 10 anos
— LARGA MINHA FILHA — Disse gritando o pai, levantando da cama.
— Dá mais um passo e eu arranco a cabeça dela.
O pai ficou paralisado, ele estava quase nú, mas o pintinho tava coberto por uma bermuda. A mãe estava deitada ainda, de camisola.
— O acordo vai ser assim, eu vou jogar uma corda pra mulher, ela vai amarrar seu braço e você vai deitar no chão, depois vou amarrar o braço dela e pegar o que vocês tem, não vou fazer nada além disso. Mas caso queiram desobedecer, eu vou matar essa vagabundinha aqui, vou matar a mulher e vou fugir, deixando só você vivo, pai.
O homem concordou com a cabeça, joguei a corda na mulher e ela amarrou o marido, ele deitou no chão e eu joguei a menina em cima dele. Amarrei a mulher e levei eles pra sala no primeiro andar.
— Então.. Eu tenho uma pergunta em especial pro homem, você tem alguma arma?
— Eu tenho! Eu tenho! Pegue o que quiser só não me mate! Ta debaixo da cama do meu quarto!
Eu deixei eles lá e fui pegar a tal arma, chegando lá eu levantei da cama e tinha uma pistola daquelas que atiram balas e matam o povo, também tinha uma caixa de munições e dois cartuchos, meti no bolso interno da jaqueta e voltei pra sala.
Eu vasculhei a casa inteira mas teve algo que me surpreendeu, tinha uma grande quantia de dinheiro no armário da menina, como se tivessem tentando esconder a grana, também um quarto de hóspedes vazio, mas tinham malas. Provavelmente quem estava aqui não está em casa.
Cheguei na sala e comecei a vasculhar, quando eu olhei pro chão o homem tava me olhando e desviou o olhar na hora, eu disse:
— Pode olhar a vontade, eu vou te matar mesmo — E deixei escapar uma risadinha, isso deixou ele desesperado e se debatendo, mas não gritando, porque sabia que eu ia matar ele se gritasse.
Eu peguei a filha dele pelo cabelo e segurei ela ajoelhada na frente do pai e mãe, num movimento lento comecei a degolar ela sem piedade, o sangue desceu pelo pijama azul dela e pela minha mão, daí o pai gritou.
— NÃO, NÃO, MINHA FILHA! POR FAVOR ME MATA MAS NÃO MATA ELA! DESCULPA FILHA, DESCULPA O PAPAI.. — Ele disse chorando e afogando nas próprias lágrimas, isso me fez empurrar mais forte o facão, a filha já tava quase morta e afogando no próprio sangue então eu joguei ela no chão.
O pai e mãe chorando, mas a mãe muda, sem dizer uma palavra.. Isso me deixou com raiva, eu vou fazer algo mais com ela..
Eu corro pra garagem e pego uma furadeira que conecto a uma tomada, eu viro o pai pra trás e começa a brincadeira.
— Por que eu sou esquisito, insensível, alienado e frio.
Encosto a ponta fria de metal bem no meio de sua testa. Ele tenta jogar a cabeça para os lados, mas seguro firme.
— Fica quieto, tá?
E então eu afundo a broca.
O primeiro toque rasga a pele como papel. O som é um chiado molhado, e o sangue começa a sair antes mesmo de eu enfiar tudo. Ele grita alto, mas logo vira um berro rachado, porque a dor já o está levando para outro mundo.
Empurro mais, rindo loucamente daquela adrenalina. O osso resiste por uns 3 segundos antes de ceder. A broca afunda no crânio, triturando tudo em seu caminho. O sangue não escorre, ele jorra. Espirrando no meu rosto, quente e pegajoso. Pequenos fragmentos brancos de crânio pulam como lascas de madeira.
Ele se debate como um peixe fora d’água. Os olhos reviram, um deles quase saindo pra fora. O motor da furadeira chia quando chega no cérebro, e agora o som que sai da boca dele não é mais um grito, é apenas um ruído. Ele contorce os membros, os cientistas chamam de Rigor Mortis. Ele tenta existir por um tempo, mas já é tarde, a língua se torce em espasmos. O cheiro de carne queimada invade meu nariz, o atrito começou a fritar o cérebro dele.
Solto o gatilho e puxo a furadeira. A broca sai suja, pingando sangue, miolo e pedaços de nervo.
Olho pro lado, a mãe.
— Vou brincar com você agora, você é muda? fala alguma coisa ao invés de chorar. — Ela realmente era muda, quem casaria com uma mulher muda? ela não disse nada até agora.
Eu coloco ela de quatro no sofá, ela é gorda mas fácil de manusear. O sofá range um pouco, eu estou suado de tanto brincar hoje.
— Fica quietinha.
Ela fechou os olhos, tentando desaparecer e esquecer o que tava acontecendo, mas eu abri os olhos dela. O toque veio, bruto, rasguei as roupas dela e depois de agarrar o cabelo dela e depois de alguns socos, mergulhei.
A prendi no sofá, os movimentos eram silenciosos, não houve gritos, não houve resistência, só o silêncio, como se tudo tivesse acabado antes de começar.
Quando cheguei onde queria, cortei a garganta dela com o facão e joguei o corpo no sofá, e foi no sofá, em meio aos corpos que deitei e dormi, e dormi a noite inteira, numa casa cheia de corpos.

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